ALDEMARIO Senador 500
APRESENTAÇÃO DA CANDIDATURA
Vivemos uma triste quadra de enorme deterioração dos costumes políticos e sucessão de todos os tipos possíveis e imagináveis de escândalos de corrupção. Uma das vertentes mais lamentáveis desse cenário consiste no protagonismo desses episódios por conhecidos personagens que num passado recente assumiram compromissos de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.
Nessa seara, não é exagero afirmar que a honestidade, retidão de caráter e vivência efetiva de um padrão moral elevado no trato da coisa pública assumem uma perspectiva revolucionária (profunda e paradigmática transformação de modelos político-sociais de atuação). Assim, a sociedade reclama, com justa razão, a apresentação de candidaturas e projetos políticos fortemente comprometidos com esses valores.
Importa afirmar e reafirmar que honestidade no campo da política não basta. Em outras palavras, a honestidade é necessária mas não é suficiente. É preciso mais, muito mais. As abissais desigualdades observadas na sociedade brasileira, definidoras de um quadro de gravíssima injustiça social, são resultados de mecanismos socioeconômicos bem definidos e cuidadosamente construídos no plano institucional.
As principais características do modelo implementado, algumas delas profundamente articuladas, são as seguintes: câmbio flutuante; metas de superávit primário e de inflação; intenso endividamento do Estado; juros altíssimos; desnacionalização do parque produtivo; enorme concentração da propriedade rural; financiamento externo baseado na exportação de minerais e produtos agrícolas; atração de recursos financeiros oriundos da especulação internacional; sistema tributário profundamente injusto; concentração e elitização da grande mídia; elevada distorção e deterioração da estrutura político-partidária; considerável descaso com a necessidade de uma profunda e abrangente revolução educacional; degradação crescente do espaço urbano; baixíssima atenção para com os mecanismos de planejamento e gestão eficiente das ações do Poder Público, notadamente em setores estratégicos como energia, comunicação, tecnologia, agricultura familiar, transporte, saúde e saneamento; significativo desprezo pelo meio ambiente e o cultivo de uma “cultura” baseada em valores extremamente deletérios, tais como o consumismo, a ditadura da aparência e das mais mais variadas formas de futilidade e superficialidade e um considerável incentivo à violência física e simbólica.
O Brasil figura como a sétima economia do mundo e um dos líderes globais no quesito da exploração da maioria de sua população (estudantes, trabalhadores, juventude e classes médias). Essa triste contradição somente começará a ser superar quando realmente desmontar os vários e sofisticados mecanismos institucionais de reprodução das desigualdades. Não deve ser esquecida a necessidade estratégica de superação do capitalismo financeiro como modelo de sociedade fundado na mercantilização da vida social com todas as nefastas consequências daí decorrentes.
A tribuna da Câmara alta do Parlamento brasileiro pode ser convertida num importante e privilegiado espaço de denúncia e tentativa de modificação, com os seus naturais limites, desses mecanismos e instrumentos de criação e reprodução de desigualdades, discriminações e explorações. É possível construir um conjunto de propostas que materializem as preocupações anteriores já na campanha e no curso do exercício de um eventual mandato parlamentar. Destaco, nessa linha, um conjunto de ideias a serem devidamente trabalhadas, ampliadas e consolidadas.